ntendemos por tempo comum, o período do Ano Litúrgico¹ em que a Igreja medita os trechos do Evangelho que narram os milagres, curas e pregações que Jesus fez durante a vida e que sucedem ou antecedem fatos especiais. O Tempo comum, é propício para nossa cura e crescimento interior. Pois é nesse período que vivemos os passos de Jesus e nos colocamos no lugar de cada personagem que se depara com ele. Os símbolos usados no nosso Rito Romano² nos convidam a uma reflexão mais ampla sobre esses milagres de Jesus, nos ajudando a compreender que por trás de todo prodígio sempre há uma mensagem de Deus para nós.
A cor usada no tempo comum é a verde. A Igreja se veste de verde representando a Vigilância e Esperança nas palavras de Jesus. O saudoso Pe. Léo, SCJ in memoriam, certa vez disse que o verde é para lembrar-mos que somos como árvores que devem manter suas folhagens verdes, e para isso precisamos estar perto do rio que é Jesus, Rio de Vida. Dando mais um belo sentido do simbolo desta cor, mas não é a ideia original da Igreja.
No Blog OBLATVS, encontramos algo a mais sobre o tema:
O sentido do Tempo Comum
O Batismo do Senhor inicia o Tempus per annum ou Tempo Comum. Comum não no sentido que se trate de um tempo de escassa importância, mas entendido como o tempo em que se recorda a missão ordinária do Senhor, excluídos os grandes mistérios como a Encarnação do Filho de Deus, precedido pelo Advento, o Mistério Pascal, precedido pelo tempo forte da Quaresma. As grandes solenidades dão lugar a um estilo ao mesmo tempo vivaz e simples: é este o tempo propício para redescobrir e valorizar, em toda a sua riqueza, os tempos de Deus que se alternam no ritmo do homem. Uma eternidade que a cada ano se repropõe no seu mistério para permear e compenetrar sempre mais a vida de cada um de nós e, através de nós, de toda a história. O tempo comum exige atenção ao cotidiano, ao ciclo semanal, à vida; ajuda a entrar nos meandros de cada experiência pessoal e familiar, social e eclesial do crente. Nada pode se subtrair à graça transformadora de Cristo: afetos e dons, bens e escolhas, trabalho e festa, alegrias e fadigas, doença e morte. Tudo é marcado profundamente. A adesão ao Ressuscitado exige um percurso constante e progressivo para chegar a revestir-se de Cristo.
Este tempo é o “comum”: ocorrem tempos longos e várias mediações para acolhê-lo como regra de vida e critério de juízo, força de ação e certeza de futuro, esperança feliz.
Viver como cristão o tempo comum equivale a ser fiel à Eucaristia. Santo Inácio de Antioquia e os mártires de Abitilene diziam que sem o domingo não podiam viver.
O Domingo é o dia do encontro semanal com o Senhor ressuscitado. Dia que dá ritmo ao ano litúrgico e nos convoca com força a uma relação equilibrada entre trabalho e repouso; dia para salvaguardar em meio a todos os nossos afazeres um espaço de gratuidade para celebrar o amor de Deus que nos salva.
O tempo comum, portanto, é um período de vigilância e de esperança; daí a escolha da cor litúrgica verde.
O tempo comum é constituído por 33 ou 34 semanas subdivididas em dois períodos: o que nos conduz à Quaresma; e o que vem depois da Solenidade de Pentecostes.
Como dito, ele é “comum” na medida em que celebra o mistério de Cristo na sua globalidade, ao longo do ritmo das semanas e dos domingos.
Seremos auxiliados nisto pela leitura semicontínua de um dos evangelhos sinóticos (São Lucas em 2010) no qual encontramos a pessoa de Jesus nas suas palavras e no seu estilo de vida, os seus encontros com as pessoas, o tempo condividido com os discípulos, o ensinamento e as curas realizadas nas situações mais inesperadas.
Fonte: Pontifex
Tradução: OBLATVS